quinta-feira, 21 de abril de 2011

Sem coração.

    
      Dizia-se que a raposa era um animal perigoso. Que ela, com toda sua beleza e astúcia, seduzia sua presa e a levava para o combate injusto. E de todos os animais, ela escolheu a raposa.
      Ia, como em todos os outros dias, pastar com suas irmãs de lã. E todo dia avistava as raposas longe, observando, traçando planos. E tinha uma, de pelo mais escuro, mas não muito diferente das outras, que lhe chamava mais atenção. E todos os dias, apesar do medo, ela deixava de comer para encontrar o olhar caçador de sua inimiga. E devido a tal, acabava ficando com fome no restante do dia, mas não era isso que a atormentava.
      Resolveu, então, para resolver a fome, sair do rumo e ir atrás de sua raposa. Eis que, para sua surpresa, veio somente a sua desejada. Lhe deu um sorriso, ah, o sorriso mais lindo de sua vida. E ficou a rodeando, analisando, sorrindo. E ela ficou sem jeito. Desajeitada, não tinha a sedução da raposa. E foi assim.
     Não há mais fim para a história, porque só há fim quando os personagens terminam juntos. É por isso que os humanos gostam de histórias de amor, e esta é uma história de amor.
     E o que aconteceu, já era de se imaginar. Há sempre um que ama mais, quem dera não fosse a ovelha.